“O Servo de Maria Jamais Perecerá”

Frederico Esser nasceu na região do Palatinado, Alemanha, em 20 de novembro de 1900. Seu pai morreu antes que o menino completasse um ano de idade. Na infância, uma doença muito grave atacou Frederico. Sua mãe, muito aflita, dirigiu-se á Maria, suplicando saúde para seu filho, e prometendo consagrá-lo ao serviço de Deus como sacerdote, se ele tivesse vocação para tal. Pouco tempo depois Frederico sarou. Mais tarde, quando esteve em Schoenstatt, sua mãe escreveu-lhe: “É pela intercessão da Mãe de Deus que tu vives e estás neste caminho”. Foi Maria que tomou em suas mãos a vida e a sorte de Frederico. Nisso consiste o mistério de sua vida e de sua morte.

Era, por natureza, muito alegre, amável, cativante e simpático. De temperamento sangüíneo, era amigo de todos e querido por todos. Fez uso de sua natureza para construir e estimular a comunidade da Congregação, e cultivar nela o espírito de amizade e comunidade. Empenhou-se, sobretudo, por abrir os outros e vinculá-los ao Santuário e à Mãe de Deus, à MTA e a sua obra. Esta natureza, porém, tornou-se para ele, várias vezes, grave perigo de perder-se numa “boa vida” de prazeres e divertimentos, e, assim, perder a sua vocação. Mas com a ajuda da MTA superou estes perigos e conseguiu educar-se.

Seus grandes problemas estavam nos estudos. Recebeu ajuda dos colegas, especialmente no início, de José Engling (seu amigo no seminário em Schoenstatt), e de seus professores, levando em conta sua aplicação nos estudos, seu caráter autêntico, seu esforço e dedicação no trabalho para a Mãe de Deus. Entre Frederico e José Engling nasceu uma amizade profunda, fiél e forte. Juntos empenharam-se pela grande causa da Mãe de Deus em Schoenstatt. Frederico tornou-se o congregado que mais cooperou com José Engling. Animado pelo amor filial à Mãe de Deus, fez da capelinha o alvo das suas aspirações, conseguindo, através das contribuições ao Capital de Graças, transformá-la num Santuário da Mãe de Deus.

Sentia que muitos congregados deixavam de visitar o Santuário, principalmente, porque era tão úmido, frio e pouco acolhedor. As paredes só estavam pintadas de cal, uma mesa servia como altar, a imagem da MTA estava simplesmente pendurada na parede sobre o altar e, ao lado, a estátua de São Miguel. Com alguns colegas furou o telhado do Santuário e colocou ali uma pequena chaminé de lata; arranjou, não se sabe de onde, uma simples estufa de carvão para secar e aquecer um pouco o Santuário. Mas onde achar carvão ou lenha nos anos de I Guerra e em tempos de fome e frio? Ele os “organizou” e guardou debaixo do altar, aos cuidados da Mãe! Assim, o Santuário era o único local aquecido enquanto havia neve, gelo e frio em todo lugar.

Frederico e José Engling iniciaram uma ofensiva espiritual que deveria levar a Congregação de Schoenstatt e os congregados no campo de batalha a uma nova vida num grau mais profundo e elevado. A arma mais eficiente que empenharam foi o exame particular: um ponto concreto da auto-educação cumprido diariamente e controlado por escrito. Um dia sem o exame particular era um dia perdido, um dia de ignorância ou de infidelidade. Enviavam mensalmente as fichas do horário espiritual e do exame particular a Schoenstatt, ao Pe. Kentenich e, por meio dele, à MTA no Santuário como contribuição ao Capital de Graças.

Em meados de 1918, Frederico foi chamado às armas, iniciando sua carreira de soldado no quartel. Como jovem íntegro, puro e inexperiente ingressou e permaneceu neste ambiente. Oito semanas depois Frederico adoeceu e foi internado no hospital onde permaneceu uns três meses. Assim, a Mãe de Deus cuidou que ele não fosse lançado no “front” e sustentasse o seu grupo através dos seus sofrimentos e sacrifícios e de suas cartas. Através de suas vivências e das palavras que lhe eram dirigidas pelo Pe. Kentenich colocou-se um propósito: “Por tudo o que Maria já fez em minha vida e na vida e atuação dos congregados, vou erguer-lhe um monumento”.

No mês de abril de 1919, e especialmente no mês de maio, além do seu estudo intensivo, com o auxílio dum Irmão Palotino do seminário surgiu de suas mãos hábeis uma moldura luminosa, feita de madeira, que deveria ser colocada em torno da imagem da MTA no Santuário. Pensando qual palavra podia expressar suas experiências com a Mãe de Deus e as experiências que a Congregação fez com Ela nos primeiros cinco anos da sua existência chegou a esta frase: “SERVUS MARIAE NUNQUAM PERIBIT!” ( O servo de Maria nunca perecerá! ).

Em agosto de 1919 foi para casa, passando lá cinco semanas de férias, as quais o desiludiram muito, arrancando do seu coração o entusiasmo juvenil e cobrindo os seus ideais. A estadia no quartel produziu os seus efeitos; seu temperamento sangüíneo, desgovernado, o levou a entregar-se à vida mundana. Mais uma vez, Frederico experimentou: Servus Mariae nunquam perebit, pois Ela concede-lhe a graça e a coragem de decidir a sua vocação, assumindo-a ao ingressar como noviço na comunidade dos Padres Palotinos, em Limburgo. Com isso, entretanto, as tempestades não terminaram. As lutas interiores que incendiaram nas férias, também durante o noviciado, não se apagaram. Mas havia situações nas quais experimentava profunda felicidade e segurança interior, principalmente quando se lembrava de Schoenstatt, do santuário, dos ideais e se dirigia novamente a MTA.

Em setembro de 1920, no início do segundo ano de noviciado, um coirmão de Frederico o encontrou em sua cama, banhado em sangue. Comprovou-se que seus pulmões estavam fracos e doentes. Foi o começo de três anos de doença e sofrimento. Como sempre em sua vida, também agora, cruz e sofrimento se transformavam em benção, pois levavam-no para perto da Mãe de Deus. Esta situação o fez compreender melhor a idéia e a realidade do Capitel de Graças. Queria ser instrumento da Mãe. Ela o escolheu como seu instrumento, porém, instrumento de sofrimentos. Tornou-se noviço especial da Mãe de Deus que o queria formar e guiar ao alto por um caminho particular e pelos sofrimentos, não tanto físicos como espirituais.

Em meados de 1921 interrompeu o noviciado e mudou-se para um lugar mais favorável à sua recuperação, e com melhores condições de atendimento médico porque em Limburgo não melhorava nada, ao contrário, enfraquecia sempre mais. Pelo fim do ano de 1922 sua situação se agravou. Impulsionado pelo amor filial à MTA e a sua obra, num gesto de confiança filial, entregou-se pela consagração à MTA rezando: “Querida Mãe e Soberana, também nesta situação me ofereço totalmente a Ti. Nesta nova etapa de sofrimentos, seja feita a tua vontade e a de teu Filho!”. Desde junho de 1923, esgotaram-se mais e mais as suas forças. Era preciso diminuir e finalmente terminar com todas as suas atividades. A sua vida submergiu num silêncio profundo e não sabemos mais o que aconteceu no íntimo de seu coração.

Era sexta-feira, 18 de janeiro de 1924, dia em que lembra a fundação de Schoenstatt; dia da Aliança de Amor, quando a MTA acolheu definitivamente seu filho e instrumento eleito, co-fundador de Schoenstatt e do Santuário, herói da primeira geração fundadora. Em sua vida e em sua morte a Mãe de Deus realizou e comprovou o que a moldura luminosa, em torno de sua imagem no Santuário, nos anuncia:

SERVUS MARIAE NUNQUAM PERIBIT!

Sobre o Autor

Juventude Masculina de Schoenstatt.