No texto anterior, expus o pensamento do Padre Kentenich sobre a relação paternidade-filialidade. Em resumo, o ideal masculino e paternal é: Diante de Deus, filho. Diante dos homens, homem. Diante dos discípulos, pai.

No livro Linhas Fundamentais de uma Pedagogia Moderna para o Educador Católico, o Pai Fundador expõe a questão da filialidade heroica. Na quinta conferência, ele cita como um desafio a superação do homem primitivo. Assim esse homem é definido por Kentenich:

Incapaz de guiar-se a si mesmo, e, por isso, dependente do seu meio ambiente. Contenta-se com a satisfação de suas necessidades primitivas – por um prato de lentilhas, troca o direito à liberdade e ao divino. Por outro lado, sentimos como o açoite do tempo nos vergasta impiedosamente. ”

Todos nós já vimos na linha do tempo do Facebook aqueles anúncios descolados de emprego, em que tenta se vender a empresa como um lugar muito maneiro, onde as pessoas sentam em pufs ao invés de cadeiras, passam o dia assistindo memes, comendo pizza e jogando um Fifinha.

Muito legal, né? Aí você vai. Consegue uma vaga. E quando menos vê, está virando noites na firma envolvido com projetos até o pescoço. Mas ei, eles têm pizza! E videogames! E memes!

Não raro trocamos nossa base moral e espiritual por algo que nos sacie momentaneamente, resumindo nossa consciência ao estômago.

“Observai o campo adversário e percebereis que, por toda parte, se procura cultivar e criar o homem coletivista. Quer-se formar o homem primitivo que só reage às mais elementares necessidades do corpo. Por isso é lançado em circunstâncias primitivas, que formam o homem. Circunstâncias primitivas formam o homem primitivo. ”

O Padre Kentenich notou algo assim em Dachau.

Podemos também notar quando vemos aquelas incensadas intervenções artísticas ditas “transgressoras”, que reduzem o ser humano às suas ações biológicas básicas – vide aquela performance “Macaquinhos”, por exemplo.

Vivemos uma das fases mais fisiológicas da existência humana.

Já em 1950, ele alertava para a decadência humana na vida moderna. O que aconteceu desde então?

É preciso que oponhamos ao homem primitivo o homem singelo. A filialidade é a solução prática de todas as questões (…). Como posso eu, sendo homem, tomar a criança como ideal das minhas aspirações e lutas pessoais (…)? A filialidade não é infantilismo (…), mas sim dedicação heroica a Deus. A filialidade heroica luta pela perfeita dedicação da alma e do corpo, com todas as suas faculdades, ao Pai Celestial (…). É a raiz de nossa vigorosa virilidade. Perante Deus, uma criança, e perante as criaturas, um homem maduro! Se não nos doarmos a Deus como uma criança, nunca teremos a força de nos comprovar como homem na vida. ”

Então, Jumas, quer lentilha? Pizza? Um Fifinha?

Sobre o Autor

Líder de Ramo do Jumas Santa Maria (RS) e estudante de Engenharia de Computação na UFSM.