É escutando os berros do vizinho que tira da boca todos os palavrões possíveis que respondo prontamente a uma pergunta que me fazia há pouco. “Não, não é este o fogo que deve arder na nossa sociedade”.

Quando proclamamos nosso ideal de juventude era evidente como somos “fogo”. E quanta euforia! Não devemos pensar que euforia é algo ruim, pois estar eufórico é expressar a alegria que está em nosso coração. E como não lembrar a alegria que passou por cada um quando proclamamos pela primeira vez que somos “Vinculados por Maria, Fogo do Cristo Tabor”? Uma euforia que não se apaga e que representa acima de tudo, amor.

O duro é quando esta euforia, este fogo passa. Difícil é conceber a idéia de ouvirmos aquele grito dado por toda a juventude brasileira apenas na memória enquanto que na realidade escutamos xingos pelas vizinhanças.

E não é só na vizinhança. E aqui peço que pensemos na responsabilidade de termos nosso fogo vivo todos os dias. Quem não assiste TV, quem não pula carnaval e quem nunca foi a shows? Nossa sociedade em um sentido muito mais amplo do que a vizinhança faz arder um fogo muito distinto do Cristo Tabor.

Só para citar um exemplo, vejamos a mídia. Como ouvimos os Big Brothers representando nosso país em uma casa tão luxuosa (diga-se de passagem, um pouco diferente das quais vemos em missões) e ainda por cima somos convidados a votar e participar. E gera repercussão! Milhões de votos, mobilização das famílias ao redor da televisão… E os Nardoni? Condenados, enfim, pela morte da pequena Isabela e sendo ameaçados de linchamento pela multidão tempestuosa que acompanhava tudo pelo lado de fora do tribunal. Olha quanto fogo! E não só as mídias, mas boa parte do que está em nossa volta parece estar em uma intensidade de valores e paixões irracionais.

A nossa briga deve passar por tudo isto. Precisamos fazer com que nosso fogo assuma o lugar deste fogo maléfico. Precisa-se que ganhem novos ventos. E Este vento é Cristo.

Toda nossa atitude e experiência de vida necessita impregnar-se pelo Espírito de Deus. Como coloca nosso Pai Fundador “concede-nos prodigamente eloquentes línguas de amor e por nós se irradie o esplendor de Cristo”. Nosso Fundador pede que nossa língua transmita amor. Todo nosso ser precisa ser exemplo dentro do mundo e viver a santidade diariamente.

Não dá para ficarmos calados, não podemos deixar de agir. O fogo que precisa arder em nós é um fogo que é consumido através de sacrifício e amor e por isso é mais forte , mais duradouro e vence o adversário.

Agora posso ficar mais tranquilo. Passei a vocês um pouco deste fogo que se consome em mim e ao mesmo tempo não escuto mais os gritos estrondosos da vizinhança. Aos poucos só se ouvirá as vozes de Deus.

Otávio Cezarini Ávila – JUMAS Ibiporã – PR